Senador Demóstenes: a ponta do iceberg?


O caso Demóstenes Torres, senador por Goiás, até ontem tido como porta-voz da Rede Globo e dos grandes jornais e revistas de circulação nacional par atacar o governo Dilma, pode revelar apenas uma pequena ponta do grande iceberg da política nacional.
Grande parte – ou maioria – dos políticos brasileiros sobrevive na selva dos mandatos comprando votos, corrompendo e sendo corrompidos - todo mundo sabe disso. No grande leilão de votos, onde a compra da imprensa, de lideranças sindicais, comunitárias e religiosas definem o resultado do pleito eleitoral, com algumas exceções, o senador Demóstenes Torres (DEM) não é minoria; ao contrário. Políticos financiados e ligados a máfias que atuam na saúde, educação, habitação, transporte público etc, são comuns, e talvez maioria. Ora, se temos políticos – como Demóstenes Torres – defendendo interesses criminosos de quadrilheiros de caça-níqueis, porque não teríamos defensores do PCC e do Primeiro Comando da Capital, de Fernandinho Beira Mar e outros menos famosos? Se no México e na Colômbia a maioria dos políticos é financiada pelo narcotráfico, porque não haveria alguns políticos brasileiros na mesma situação?
O Democratas (DEM) tenta defenestrar o outrora líder Demóstenes Torres de suas fileiras ao anunciar que abrirá um processo de expulsão depois que a Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu, na semana passada, abertura de inquérito no Supremo Tribunal Federal para investigar o envolvimento de parlamentares num esquema de exploração de jogos ilegais.
Demóstenes é um dos parlamentares que mantinha relações próximas com Carlos Augusto Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira (atualmente preso), acusado pela Polícia Federal de ser o chefe da quadrilha, investigada na Operação Monte Carlo.
O senador tinha prometido se reunir com a cúpula do partido nesta segunda-feira para apresentar sua defesa, mas não compareceu ao encontro e apenas telefonou para o deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO) dizendo que precisaria de mais tempo para esclarecer as denúncias contra ele.
"Ele não veio, disse que precisava de mais tempo. E agora o partido vai notificá-lo por ofício amanhã (terça) sobre a abertura do processo de expulsão", disse o líder do DEM na Câmara, o suplente de deputado federal ACM Neto (BA).
Segundo o Tribunal Superior Eleitoral - TSE – o DEM é o partido político mais corrupto do Brasil, de acordo com a quantidade de políticos cassados por corrupção desde 2000:
1º) DEM (69);
2º) PMDB (66);
3º) PSDB (58);
4º) PP (26);
5º) PTB (24);
6º) PDT (23);
7º) PR (17);
8º) PPS (14);
9º) PT (10);
10º) PV, PHS, PRONA, PRP (1)

No ranking dos estados, Minas é que concentra o maior número de cassações (71), o equivalente a 11% do total. Em seguida, vem Rio Grande do Norte (60), São Paulo (55) e Bahia (54). O Rio de Janeiro está na 12ª posição, com 18 cassações neste período.